terça-feira, 28 de dezembro de 2010

De fora para dentro


Por Leidi Kitai

Sair. A rotina contada em versos desconexos. É a vida que passa sobre três ciclos de duas rodas. Segue sempre em fila como uma corda sendo puxada, nós feitos e deixados para trás, pontas que nunca se encontram, caminhos que sempre se cruzam mas nunca se calam no olhar vago à procura de algo que possa ater-se.

O cinza do céu do dia que se inicia prolonga-se na mente, como uma lata de tinta jogada, vazia.

Uma nevoa de figuras imaginárias se estende diante dos meus olhos e o mundo se desfazendo por onde vou passando. Caminhando numa muralha, apenas sigo. No olhar o mundo interior se desvendando, não mais espelhando ou fruindo.

A essência e o essencial tentando quase que em vão dividir o mesmo traçado, cada uma com um lápis na mão esquerda.

Lição do dia: aprendi a discursar no silêncio.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Diálogos insanos

Por Leidi Kitai

- Vejo nuvens carregadas se aproximando...

- Mas como assim? De onde estou o sol brilha e o céu é azul.

- Pois é, também estou aí, também vejo esse sol e esse céu... mas posso ver as nuvens, elas se aproximam... tenho medo de não conseguir tirar as roupas do varal a tempo, temo que elas se molhem e demorem pra secar. Vão secar novamente, eu sei, mas mesmo assim não queria deixar elas molharem... mas parece inevitável pois quando a chuva cai ela não avisa, nem mesmo sabemos se ela vai cair. Essa nuvem carregada pode ser passageira, talvez fique tudo cinza por um tempo e logo tudo será luz novamente...

ou não.

- E então, o que faremos?

- Não sei...esperemos pra ver.


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sai de casa e vem comigo

Para todos os ausentes...
:)



Deolinda - Um contra o outro

Anda, desliga o cabo,
que liga a vida, a esse jogo,
joga comigo, um jogo novo,
com duas vidas, um contra o outro.

Já não basta,
esta luta contra o tempo,
este tempo que perdemos,
a tentar vencer alguém.

Ao fim ao cabo,
o que é dado como um ganho,
vai-se a ver desperdiçamos,
sem nada dar a ninguém.

Anda, faz uma pausa,
encosta o carro,
sai da corrida,
larga essa guerra,
que a tua meta,
está deste lado,
da tua vida.

Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.

Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.

Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

09 / 09/ 09

Por Leidi Kitai

Sim, as horas parecem não passar...mas foi o mundo que se comoveu e parou naquele instante.

Desfeita assim a fronteira entre espaço e tempo o céu azul desabrochava sobre nossas cabeças.

Todo o resto é apenas uma massa cinza e disforme.

Nos teus olhos vejo um mundo a se revelar, palavras que se soltam pelo ar como folhas secas carregadas pelo vento.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Uma estranha paz que pulsa...


Escrevi este texto após um entardecer estranhamente belo...
Foi no primeiro dia de dezembro, não terminei de escrever ainda e nem sei se algum dia o farei...

Hoje vou postar ele aqui para minha irmãzinha de alma, Mity.

Por Leidi kitai

Ontem, e quase sem querer, aconteceu algo. Uma estranha e linda sensação veio e tomou conta de mim, transformando-me. Venho de dias onde a insanidade das horas, das pessoas e acontecimentos tomava minha alma e a levava acorrentada por entre as frestas de um cotidiano sem vida.

Sim, aquele sangue que corria nas veias acelerava, incontido no corpo, pulsava. E pulsava com tamanho ardor que mal podia controlar, a respiração parecia não obedecer ao ritmo natural. O tempo era como dois pequenos grãos de areia numa ampulheta.
Um conflito interno que teve um feliz vencedor: a vida. Ela veio e invadiu meu ser, e quando menos esperava comecei a notar as árvores, a brisa de um entardecer tocando delicadamente cada poro de minha pele, meu cabelo a esvoaçar... A luz solar iluminava minha face como um ser divino, meus olhos fechavam e abriam com tamanha leveza que parecia não mais estar ali. E já não estava.
Se uma sensação pode ser descrita ela começa assim...
Meu corpo, tomado de luz, atravessou um portal. Pura energia vibrando com tamanha força que era visível sua oscilação. Era como se toda a sujeira que veio se agregando em mim tivesse sido deixada para trás. A alma seguia pura, e aquela sombra de pó se desfazia no vento. Um curto espaço de tempo, e o mundo ao meu redor se desfazia...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Just for you


Saudade é pouco, o que sinto ainda não te nome...
Pensamentos em ti, definitivamente os ponteiros
do relógio não acompanham as batidas do meu
coração.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Á sombra do imaginário



A inerente vontade de mergulhar num mundo particular completamente desprovido de reações adversas a sentimentos do ser.
A fugaz inquietude plena da alma tortura os pensamentos que se afogam numa onda súbita de forças ainda ocultas da mente.
Há algo de sublime no inconsciente que trasborda inundando a vida prática e metódica.
Sair ou deixar o infinito desabar?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fulgor da meia noite

Em uma madrugada, conversas de "bate papo", perguntam-me quem sou, o que sou..

Sou como a pluma que não descansa e que se deixa levar ao sabor do vento. Pobre vento, pensa ele me conduzir quando na verdade sou eu que o inspiro a vagar sem limites...
Danço no céu estrelado das noites frescas de verão. Minha alma leve liberta-se do meu corpo em direção ao infinito mundo dos sonhos devaneiantes: a expressão criativa vem à tona com todo esplendor.
E quanto mais as horas avançam mais ela se revela, mais os devaneios acontecem, ela simplesmente desgruda-se do calabouço onde passa a maior parte do dia...
E vem,
intensa,
enérgica,
enfim,
eu.

As flores desabrocham para...